Branco com a neve

Não consigo parar de pensar naquela coisa que eu disse. Saiu de mim de forma áspera — mais áspera do que eu pretendia — e eu vi o impacto. Pedi desculpas, claro. Mas mesmo dias depois, ainda estou remoendo aquilo. Ainda estou repassando na minha cabeça. Ainda estou frustrada comigo mesma por não ter sido mais paciente, mais gentil e mais centrada.

Você já passou por isso?

Aquela estranha dor de saber que deveria ter feito melhor, mas ainda assim não ter conseguido. O aperto no peito quando você percebe que ultrapassou os limites novamente. Você ignorou o toque do Espírito. Você se calou diante de alguém que precisava da sua voz. Você entregou seu coração, ou seu corpo, a alguém que não o merecia. Você escolheu o controle em vez da confiança, o ressentimento em vez do amor, ou a autopreservação em vez da entrega.

E mesmo tendo pedido perdão, a culpa persiste. A vergonha pesa.

Normalmente não falamos sobre essa parte do Advento.

Acendemos as velas. Cantamos “Noite Santa”. Celebramos a paz, a alegria e a esperança. Mas Isaías abre a porta para algo mais — algo menos brilhante, mas igualmente sagrado: o arrependimento sincero.

Venham, vamos refletir juntos”,
diz o Senhor.
Embora os seus pecados sejam vermelhos como o escarlate,
eles se tornarão brancos como a neve…” (Isaías 1:18)

Este versículo surge no meio da repreensão de Deus à rebelião de Israel. Eles estavam profundamente mergulhados no pecado. Mas, em vez de se afastarem, Deus se aproxima. Ele nomeia suas manchas carmesim, não para envergonhá-los, mas para convidá-los à transformação. Ele lhes mostra que, não importa quão profunda seja a mancha, Ele tem o poder de lavá-la e torná-la branca.

O escarlate não é um erro insignificante. É ousado. É visível. E Deus vê tudo. Não apenas a ação, mas também os motivos. Os padrões. As autojustificativas que usamos para envolver o nosso pecado como se fossem suéteres aconchegantes. Ele vê, e ainda assim se aproxima.

Esta é a verdade incômoda e bela do Advento. Antes de celebrarmos o nascimento de um Salvador, precisamos lembrar por que precisamos de salvação. Jesus não veio para enfeitar nossas vidas. Ele veio para lidar com aquilo que não conseguíamos purificar por nós mesmos. O Verbo se fez carne não apenas para caminhar ao nosso lado, mas para nos purificar.

Seja você casada e carregando culpa por como tratou seu cônjuge, ou solteira e sobrecarregada por escolhas que a assombram ou palavras que não pode apagar, este convite é para você. Seja sua vergonha evidente ou silenciosa, seja seu arrependimento recente ou enterrado sob anos, Ele vê. E ainda assim, Ele diz: “Venha agora”.

Este é o evangelho do Natal. Deus viu a mancha e, mesmo assim, enviou Seu Filho. Ele não nos encontra com condenação, mas com um convite. Ele chama o escarlate de escarlate e ainda diz que é possível se tornar branco como a neve.

Venha agora. Não quando você se sentir melhor. Não quando você tiver se comportado melhor. Agora.

Traga seu pecado, sua vergonha, seu silêncio e seus segredos. Há espaço para tudo em Sua misericórdia.

Até isso pode ser purificado.

Ashley Trail

Estudo Bíblico Relacionado

Mais Recentes